segunda-feira, 27 de junho de 2016

Prazo para Credenciamento - Pensão Estadual

Informamos que o prazo para o Credenciamento das Instituições para concessão do benefício da Pensão Especial Estadual vai até o dia:


22/07/2016 (SEXTA-FEIRA)


Qualquer dúvida ligar nos telefones: 48 3381 1620 / 3381 1696


quinta-feira, 23 de junho de 2016

Respeito é a palavra-chave



Os desafios que aparecem junto com o diagnóstico do autismo

“Recebemos o diagnóstico do autismo do Marcelo, meu filho caçula, quando ele tinha 1 ano e 5 meses. Percebemos que havia algo de errado ainda no primeiro ano de vida. Ele parecia surdo, não aprendeu as primeiras palavras e não começou a fazer algumas gracinhas que todo bebê faz”, lembra Roberta Gonçalves Vasconcelos.
Assim que veio a confirmação, a família virou o grande apoio. Roberta conta que, junto com o medo do futuro – mais o medo da rotina nova, o medo de não dar conta de tudo e a difícil tarefa de se desfazer de um monte de planos –, surgiu muita ajuda dos avós, que entraram com tudo na nova rotina de terapias do Marcelo, hoje com 5 anos.
Paralelo a isso, a mãe encontrou também ajuda e informação em blogs maternos, que são ótimos para unir mães que estão na mesma situação e a criar importantes amizades.
“Precisamos aprender a estimular nossos filhos e aprender outras formas de ensiná-los tudo aquilo que, para outras crianças, é fácil ou automático. Precisamos ler muito e nos manter sempre informadas sobre tratamentos, pesquisas científicas etc. Tudo tende a ser mais difícil. Fora isso, precisamos lutar por tudo”, aponta.
Isso significa lutar por sistema público de saúde que forneça terapias, por inclusão escolar de qualidade, para encontrar terapeutas especializados, contra o preconceito de outras pessoas, contra olhares estranhos. “Tudo é mais difícil e requer mais energia de pais e mães. É uma luta atrás da outra”, diz Roberta.
A quem está sabendo do cenário agora, ela aconselha a viver esse luto e a chorar, mas tentar se manter “funcionando”. Segundo ela, para sentir que as coisas estão fluindo, é preciso procurar as terapias e começá-las o quanto antes.
Além disso, não esconder o diagnóstico de ninguém também é importante. Afinal, o desafio é para todos que estão ao redor: família, amigos e escola.
“Para quem já tem o diagnóstico, diria para manter em mente a palavra ‘respeito’ em todas as decisões. Esse tratamento é respeitoso com meu filho? Essa escola parece respeitosa com ele? As diferenças e necessidades dele estão sendo respeitadas? Os terapeutas e os professores estão respeitando-o como indivíduo? Eu estou me respeitando como mãe e como mulher?”, aconselha.
E completa: “Por último, aconselharia a fazer as pazes com o futuro, assim que o coração permitir. É um renascimento. Com o diagnóstico, nasce uma nova mãe. Essa nova mãe é uma pessoa incrível. Quanto antes percebermos a nossa força e as nossas novas qualidades, melhor para eles e para nós”.

Fonte: Disney Babble

terça-feira, 21 de junho de 2016

Primeiros anos de vida formam arquitetura do cérebro



RIO - A ideia de que a creche é apenas um lugar para deixar crianças enquanto os pais trabalham precisa ser combatida. Segundo Cesar Callegari, membro do Conselho Nacional de Educação e presidente do Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada, os serviços dedicados a crianças de 0 a 3 anos no país estão sendo expandidos, mas sem a devida qualidade. O sociólogo e diretor da faculdade Sesi de Educação se diz preocupado com a postura de municípios que, para atender à pressão jurídica e social, muitas vezes acabam firmando convênios com creches que desempenham um trabalho ruim. Callegari estará no Rio no dia 30 deste mês para participar do “Educação 360-Educação Infantil”, evento que tem realização dos jornais O GLOBO e “Extra” em parceria com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, o Banco Mundial, o BID e a Fundação Lemann. O encontro, que reunirá especialistas brasileiros e internacionais, tem o apoio da TV Globo, do Canal Futura, da Revista “Crescer” e da Unicef.


O Brasil dá atenção necessária à educação infantil?
Se a gente considerar a educação infantil como um todo, a pré-escola em grande parte do Brasil é uma etapa mais bem resolvida. Na creche vejo um problema sério, tanto no serviço público quanto privado, porque ainda arrasta uma ideia de que é apenas um local para cuidar da criança, sem objetivos educacionais claros. Isso acaba desvalorizando profissionais e reduzindo as condições de ensino. As famílias reivindicam pouco porque acham que creche é um lugar de guarda de crianças enquanto os pais trabalham. Essa herança de quando a creche era meramente assistencial macula boa parte do que se faz na educação infantil de 0 a 3 anos. Precisamos organizar de maneira clara os procedimentos curriculares na creche. Não é porque a criança não sabe falar nem escrever que não deve haver currículo.

Que impactos essa concepção da creche apenas como “lugar de cuidar da criança” pode trazer para etapas posteriores da escolarização, como a alfabetização?
Nessa fase dos primeiros anos de vida se forma a arquitetura do cérebro, e, portanto, todas as condições de seu desenvolvimento posterior. Por isso, as deficiências educacionais podem comprometer muito mais que a alfabetização. Para ter uma má educação, com crianças em instituições onde não há profissionais preparados e propostas definidas, onde fiquem expostas a descuido e violência, é preferível não ter. É melhor a criança estar em casa do que estar em uma creche onde não há nenhuma intencionalidade no ensino. Temos que garantir que haja de fato expansão da oferta de vagas e a qualificação da educação oferecida.

A expansão tem acontecido sem atenção à qualidade?
Vemos hoje uma preocupação muito grande com a quantidade. O Judiciário tem sido incisivo em forçar a matrícula mesmo quando não há qualidade, mas as crianças não podem ficar amontoadas em uma creche só porque os pais têm que trabalhar. Muitas creches são conveniadas, e aí mora o problema: em várias delas, o padrão de qualidade dos profissionais e das instalações são muito precários. No afã de atender à demanda, com pressão política e social, muitas prefeituras fazem convênios com instituições sem nenhum padrão de qualidade. Temos que garantir que o aumento quantitativo esteja relacionado à qualificação.

Como é possível potencializar os recursos da educação? O ensino infantil deve ser prioritário?
Em educação não podemos fazer escolha de Sofia, porque todas etapas são igualmente importantes, e, sobretudo nos momentos de crise, temos que ter visão de Estado. Qualquer descontinuidade que leve à precarização de atendimento o país carregará para sempre. A sociedade e o Estado devem fazer as escolhas certas e isso quer dizer jamais precarizar a educação. Num momento como esse tenho muitas preocupações sobre o que vem se cogitando sobre a desvinculação de recursos para educação, porque temos recursos mínimos garantidos pela Constituição, e há propostas para que esses percentuais sejam reduzidos ou desapareçam. É um retrocesso gravíssimo que precisamos combater a todo custo.

Isso pode representar um risco maior para a educação infantil?
Se descolarmos a leitura dos dados da realidade da educação infantil vamos ver que algumas coisas precisam ser aprofundadas. No caso de creches, são exatamente os mais pobres que estão fora. Temos que dar prioridade a esse público. Todos têm direito, mas alguns têm necessidade muito maior que outros.

É difícil estabelecer uma agenda para a educação infantil? É complicado conseguir o engajamento dos municípios?
Há municípios grandes, como São Paulo, que têm hoje uma política bastante avançada, com indicadores bem definidos que permitem a avaliação de todo o trabalho realizado. Mas há também municípios que abrem vagas sem controle. Vejo que a definição da Base Nacional Comum pode fazer com que os órgãos de controle tenham critérios mais fortes para cobrar e garantir uma boa qualidade a partir de fiscalização efetiva. A educação infantil acontece nas redes municipais, mas prepará-la não pode ficar só nas mãos dos municípios. Eles devem receber todo apoio dos estados e da União.

Como o Conselho Nacional de Educação pretende contribuir com a Base Nacional Comum no que diz respeito à educação infantil?
Há posições coletivas que já foram fixadas desde 2009 com as diretrizes nacionais da educação infantil, elas são a espinha dorsal das diretrizes da Base Nacional Comum para a educação infantil. A segunda versão da base avançou bastante no sentido de diferenciar as etapas de aprendizagem e no que deve ser estimulado e planejado por parte das escolas em cada faixa etária — bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas. Os pontos mais importantes são as descrições daqueles direitos que existem em relação a essas faixas etárias: seguir regras nas brincadeiras e jogos, aprender a lidar com sucesso e frustração. Pela primeira vez, e aprofundando muito mais o que está nas diretrizes, estamos conseguindo enunciar quais os direitos de aprendizagem do desenvolvimento da criança.

Nesse momento, o quão avançados estamos na promoção de uma agenda de qualidade na educação infantil?
Do ponto de vista de metas quantitativas, de número de vagas, estamos no meio do caminho para mais. Temos uma definição constitucional, que define obrigatoriedade de 100% das crianças matriculadas na pré-escola, além de deveres do Estado, da sociedade e da família. A criança tem que estar na escola. Essa legislação é nova, vamos ver o que acontece. No caso da creche, eu acho que o problema é maior, quanto ao acesso e também à qualidade. Eu daria para a pré-escola nota 8 e no caso da creche estaríamos entre 3 e 4. O cenário tem melhorado, a própria inserção da creche nos sistemas de financiamento como o Fundeb tem impulsionado a abertura de vagas. A crescente judicialização que está acontecendo na área, que vem impondo a matrícula de crianças de 0 a 3 anos, também contribui.

Leia mais sobre esse assunto em O Globo

segunda-feira, 20 de junho de 2016

ALUNAS CRIAM APLICATIVO PARA CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Um grupo de alunas da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Prof. Olyntho Voltarelli Filho, de São Caetano do Sul, se tornou motivo de orgulho para toda a comunidade escolar da cidade. Karine Varjão dos Santos, Bárbara Oliveira da Rocha, Giovanna da Cruz Sales e Maria Eduarda Lôbo Cavalcanti criaram um aplicativo de celular que conquistou o primeiro lugar na etapa paulista do torneio internacional Technovation, que tem o objetivo de ampliar o número de meninas participando do mundo da programação digital.



O desafio voluntário proposto para as jovens alunas do 9º ano foi a criação de um aplicativo que contribuísse com a sociedade. Karine, Bárbara, Giovanna e Maria Eduarda formaram a equipe Innovation Angels e desenvolveram o MQMM - Meu Querido Mundo Mágico, com jogos para crianças com Transtornos do Espectro Autista (TEA). A ideia central do programa é auxiliar na aprendizagem deste público especial e também conscientizar as pessoas contra o preconceito.

O aplicativo, que já está disponível para download gratuito no Google Play (https://goo.gl/ZmqYS0), foi um dos destaques da Technovation e disputou a etapa da América Latina da competição. No mês de julho as estudantes e professoras envolvidos no projeto participarão de um encontro na sede paulista da Microsoft, empresa que será mentora no aperfeiçoamento do programa desenvolvido em São Caetano.

E, apesar de jovens, a participação com sucesso no torneio Technovation já faz com que algumas das integrantes da equipe Innovation Angels façam planos para um futuro na concorrida área de programação. “Quanto mais cedo a gente começar, melhor. Assim ganhamos mais experiência”, concluiu Giovanna da Cruz Sales.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

ONU convida sociedade civil a contribuir com estudo global

Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos prepara estudo sobre os direitos das pessoas com deficiência e convida as organizações da sociedade civil a contribuir por meio de um questionário. Prazo é dia 30 de junho.



O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) está preparando um estudo sobre os direitos daspessoas com deficiência e convida as organizações da sociedade civil a contribuir.

O estudo enfoca a implementação do artigo 5 (igualdade e não discriminação) da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

As organizações interessadas devem até o dia 30 de junho de 2016 responder o questionário que está disponível (em inglês) em http://bit.ly/1WFnutO


As contribuições devem ser enviadas para registry@ohchr.org


sexta-feira, 10 de junho de 2016

STF mantém proibição de escolas particulares recusarem alunos com deficiência

       O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a validade do Estatuto da Pessoa com Deficiência, que obriga escolas privadas a receberem matrículas de alunos com deficiência no ensino regular e promover a adaptação necessária deles, sem repassar qualquer ônus financeiro à família. A decisão foi tomada em uma ação direta de inconstitucionalidade apresentada pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), que é contrária à norma. A instituição queria obter o direito de cobrar valores mais elevados em mensalidades, anuidades e matrículas de alunos com necessidades especiais.
      A lei que instituiu a obrigação às escolas particulares foi editada no ano passado. Em seguida, a Confenen entrou com a ação no STF. Em novembro passado, o relator da ação, ministro Edson Fachin, negou a liminar à instituição. Nesta quinta-feira, o plenário do tribunal manteve a decisão por nove votos a um. Apenas o ministro Marco Aurélio Mello concordou com o argumento das escolas. O ministro Celso de Mello estava ausente.
    Para a Confenen, a norma gera alto custo às escolas privadas e pode inclusive provocar a falência de estabelecimentos de ensino. A defesa da instituição argumentou que o dever ao atendimento educacional aos deficientes é do poder público, e não da iniciativa privada. Na ação, a Confederação argumenta que os dispositivos da lei “frustram e desequilibram emocionalmente professores e pessoal da escola comum, regular, por não possuírem a capacitação e especialização para lidar com todo e qualquer portador de necessidade e a inumerável variação de cada deficiência”.
    O primeiro a votar foi Fachin. Ele reiterou a decisão tomada no ano passada, em defesa da pluralidade e da igualdade no ensino privado.
— À escola não é dado escolher segregar ou separar, mas seu dever é ensinar incluir e conviver. O enclausuramento em face do diferente furta o colorido da diversidade da convivência. É somente com o convívio com a diferença que pode haver a construção de uma sociedade livre justa e solidária — declarou o relator.
Em seguida, oito ministros concordaram com ele.
— Uma escola que se preocupe em preparar os alunos para a vida deve encarar a presença de crianças com deficiência como uma oportunidade de mostrar para as crianças um ambiente de solidariedade e de fraternidade — ponderou Teori Zavascki.
— Essa inacessibilidade dessas crianças deficientes realiza um preconceito. O preconceito é a pior das deficiências. E dessas pessoas preconceituosas as escolas estão lotadas — declarou Luiz Fux.
Único a discordar dos colegas, Marco Aurélio argumentou que a lei implicava em muito prejuízo para as escolas particulares. Ele também afirmou que o poder público não pode interferir de forma tão incisiva na iniciativa privada.
— Não pode o Estado cumprimentar com o chapéu alheio. O Estado não pode obrigar a iniciativa privada a fazer o que ele não faz — alegou.

     Antes de começar o julgamento, houve sustentações orais a favor e contra a lei.
    Grace Mendonça, da Advocacia-Geral da União (AGU), defendeu a constitucionalidade da norma. Destacou que a propriedade privada cumpre sua função social quanto atende a política de inclusão. Também atacou o argumento de que impedir cobrança de valores diferentes signifique onerar as pessoas sem deficiência pelos custos com aquelas com deficiência. Isso porque os deficientes, por suas limitações, não poderão usufruir de todos os ambientes e equipamentos disponíveis na escola. Nesse caso, a pessoa com deficiência é que estaria bancando custos das pessoas sem deficiência.
— Essa cobrança de valores adicionais acaba dificultando ainda mais e constituindo um obstáculo a mais para a inclusão de um grupo social que faticamente é excluído da sala de aula — afirmou Grace.
A advogada Rosângela Wolff Moro, casada com o juiz Sérgio Moro, da Lava-Jato, defendeu a Federação Nacional das Apaes (Fenapaes) no processo. Ela citou a convenção internacional que trata dos direitos de pessoas com deficiência para sustentar que não deve haver cobranças diferenciadas.
— Nos termos dessa convenção internacional, é a sociedade que tem se adequar para receber essas pessoas. A sociedade tem que promover a eliminação de toda e qualquer barreira. Exemplo: os hotéis têm que disponibilizar 10% de suas acomodações acessíveis. Frotas de veículos que alugam: um para cada 20 de sua frota. Frotas de táxi: 10%. Com a educação não é diferente, e com um agravante. A educação, ainda que pese ser prestada por entidade particular, ainda é um serviço público — disse Rosângela.
     A vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, também pediu que o pedido da Confenen fosse negado. Ela demonstrou preocupação com uma cartilha orientativa da instituição, distribuída às escolas, segundo a qual o estabelecimento de ensino pode exigir um laudo completo de avaliação das crianças com deficiência. Segundo Ela Wiecko, isso não pode significar obstáculo ao acesso das pessoas com deficiência.
— Se na decisão de Vossas Excelências (ministros do STF) pudesse ficar claro, ter algum olhar, alguma manifestação no sentido de que, enquanto não julgado o mérito, essa cartilha orientativa seja interpretada de uma forma sempre em favor da pessoa com deficiência, e não em favor da escola no sentido de colocar obstáculos ao acesso — disse a procuradora.

Fonte: EXTRA

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Cientistas desenvolvem primeiro tratamento eficaz para síndrome de Down


Composto do chá verde melhora moderadamente a capacidade intelectual dos afetados.



    Um dos principais dogmas da medicina, o de que a síndrome de Down não tem tratamento, começa a ser derrubado. Pesquisadores espanhóis acabam de demonstrar que um composto do presente no chá verde, acompanhado por um protocolo de estimulação cognitiva, pode melhorar as capacidades intelectuais de pessoas com síndrome de Down. “É a primeira vez que um tratamento demonstra eficácia num estudo confiável em termos científicos”, diz Mara Dierssen, neurocientista do Centro de Regulação Genômica de Barcelona e uma das líderes da pesquisa. O ensaio clínico ainda está longe da cura, mas “abre novas vias ao tratamento farmacológico da síndrome de Down”, afirma a cientista.
    A síndrome é um transtorno genético em que a pessoa tem 47 cromossomos, em vez dos 46 habituais. Essa cópia extra altera a formação do corpo e do cérebro. As crianças podem ter um atraso no desenvolvimento mental e sinais físicos muito reconhecíveis, como nariz achatado e uma única prega na palma da mão. Através de estudos com roedores, a equipe de Dierssen identificou um gene, o DYRK1A, relacionado com a formação do cérebro e superativado pelo cromossomo extra. O gene produzia um excesso de proteínas associadas às alterações cognitivas. O composto do chá verde – epigalocatequina galato – retorna as proteínas aos níveis normais.
    O extrato de chá verde melhorou de maneira moderada a memória de curto prazo e a capacidade de organização na vida diária, além de inibir a impulsividade dos pacientes. As imagens do cérebro mostram mudanças no córtex relacionadas com essas melhoras. Os resultados foram publicados nesta terça-feira na revista médica The Lancet Neurology. Há anos Dierssen lamenta a falta de apoio da indústria farmacêutica às suas pesquisas. “É um composto presente num produto natural e não pode ser patenteado. Não interessa à indústria”, afirma. A neurocientista já fez concertos com seu grupo de rock, From Lost to The River, para arrecadar dinheiro para seus trabalhos. O último ensaio clínico, que custou 750.000 euros (2,9 milhões de reais), teve a colaboração do farmacologista Rafael de la Torre, diretor do Instituto Hospital del Mar de Pesquisas Médicas, em Barcelona, e da fundação francesa Jérôme Lejeune, que arcou com a maior parte dos recursos.No ensaio participaram 84 pessoas com síndrome de Down, com idades entre 16 e 34 anos. Cerca da metade tomou o tratamento durante um ano, enquanto os demais recebiam placebo (substância sem ação terapêutica) para a comparação. Dierssen reconhece que “as mudanças observadas não são muito importantes”, mas foram suficientes para que quase todos os pais adivinhassem, no final do estudo, se seu filho havia tomado um tratamento real ou um placebo.
    Agora Dierssen pretende organizar um novo ensaio clínico, mas com uma quantidade muito maior de pacientes em diversas cidades, para ter uma amostra representativa da população com síndrome de Down. Um estudo assim, de fase 3, é caríssimo e costuma exigir investimento privado. “O custo é muito elevado. Ou as instituições se envolvem ou não poderemos fazer”, diz a pesquisadora. De la Torre estima que custaria cerca de 3 milhões de euros (8,8 milhões de reais). No momento, com um “pequeno financiamento” da Fundação Mútua Madrilenha, ambos preparam um ensaio pediátrico para analisar a segurança do extrato de chá verde em crianças com síndrome de Down.
    O geneticisma Roger Reeves, da Universidade Johns Hopkins (EUA), é mais cauteloso e alerta quanto a possíveis efeitos da epigalocatequina galato em outras proteínas, além da codificada pelo gene DYRK1A. Também diz que as doses do composto nos extratos de chá verde disponíveis nas lojas varia muito. “É importante que as pessoas sejam conscientes das limitações de nosso conhecimento sobre potenciais efeitos e efeitos secundários de um tratamento sem supervisão com epigalocatequina galato”, afirmou Reeves, alheio ao novo trabalho, ao portal especializado Science Media Centre.De la Torre reconhece que há famílias que, por sua conta e graças ao boca a boca, administram extrato de chá verde a seus filhos com o transtorno. O pesquisador desaconselha essa prática com menores de 16 anos, já que o perfil de segurança da substância não foi comprovado e poderiam aparecer efeitos colaterais. “Em adultos, tampouco fazemos uma promoção ativa. Nem aconselhamos nem desaconselhamos”, diz.

    David Nutt, diretor do Centro de Neuropsicofarmacologia da Faculdade Imperial de Londres (Imperial College London), é mais otimista. “É emocionante ver que o entendimento da neurobiologia genética da síndrome de Down possibilita tratamentos específicos”, diz. “Esperamos que a promessa desse estudo experimental seja confirmada nos ensaios de grande escala e que outros sigam o enfoque.”

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Conhecimento da neurociência pode ser chave para melhora no aprendizado

Os avanços e descobertas na área da neurociência ligada ao processo de aprendizagem vem sendo, sem dúvida, uma revolução para o meio educacional.


O entendimento de como as redes neurais são estabelecidas no momento da aprendizagem, bem como de que maneira os estímulos chegam ao cérebro, vem sendo alvo de inúmeros estudos no ramo da Pedagogia. E, para falar mais sobre este assunto, conversamos com Ana Lúcia Hennemann, docente de pós-graduação do Instituto CENSUPEG (Centro Nacional de Ensino Superior, Pesquisa, Extensão, Graduação e Pós-Graduação) e acadêmica na UFRGS, e especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva. Confira:


Site Renata Spallicci – Desde quando a neurociência passou a ser utilizada como uma ferramenta de aprendizado?
Ana Lúcia Hennemann – Primeiramente, há de se ter o entendimento que a neurociência não é uma ferramenta, nem se trata de método relacionado à aprendizagem, mas sim, de algo mais abrangente, ou seja, a reunião de várias ciências que estudam o sistema nervoso. Um dos grandes marcos do elo neurociência e educação se deu através da FUNDAÇÃO DANA (Dana Foundation) – que já em 1985 havia assumido as Neurociências como uma de suas prioridades e estabeleceu como objetivos principais três pilares:


1) Desenvolvimento de melhor entendimento pelo público em relação ao cérebro e suas funções;


2) Difusão de informações sobre as descobertas mais recentes de tratamento para desordens relacionadas com o sistema nervoso;


3) Combate por meio da educação aos estigmas que afligem diversas pessoas com desordens cerebrais.


Também se pode mencionar a International Mind, Brain and Education Society (IMBES), uma sociedade internacional que, desde 2004, vem proporcionando a interação entre a neurociência e a educação. No Brasil, um dos projetos pioneiros, neste sentido, foi o NeuroEduca, criado em 2003 pela Professora Leonor Guerra, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).


SRS – Como funciona esse processo?

ALH – Os estudos relativos ao funcionamento do sistema nervoso nos permitem conhecer o funcionamento, potencialidades e limitações do ser humano. Assim, permite ao educador o entendimento de quais metodologias apresentam maior eficácia em termos de aprendizagem, dentro dos mais diversos contextos, bem como compreender o que é aprendizagem e de que forma se dá ou não essa aquisição. Conforme Leonor Guerra: “O educador é quase um neurocirurgião que, sem abrir o cérebro, consegue mudar conexões por meio dos órgãos do sentido”. O educador, diariamente, traz novas possibilidades de aprendizado, e o educando, ao se apropriar delas, vai mudando toda sua estrutura neural, pois a aprendizagem é um processo que exige aquisição, conservação e evocação do conhecimento. Pensando num exemplo bem simples: O aluno que está se alfabetizando e, digamos, aprendeu a palavra “bolo”, construiu uma unidade de aprendizagem em seu cérebro, ou seja, ele fortaleceu uma via neural. Logo, cada vez que ele vir um bolo, sentir o cheiro de bolo, falar de bolo, escrever a palavra, ele saberá que se tratará do mesmo contexto. Digamos que, numa outra aula, o professor apresente a palavra “lobo”. Então, toda aquela estrutura neural, que já tinha sido modificada com a palavra “bolo”, sofre uma nova reestruturação, novas conexões vão surgir, novas vias neurais vão se fortalecer… Cada nova aprendizagem é uma nova cadeia neural, pois, ao interagir com o mundo, os estímulos do ambiente pelas vias sensoriais ou órgãos dos sentidos entram no sistema nervoso do indivíduo e alteram o comportamento. A aprendizagem é um processo e depende, fundamentalmente, de experiência. O nosso cérebro aprende por tentativa e erro e, dessa forma, vai se esculpindo a si próprio, conforme ele é usado. Aprendemos, à medida que experimentamos e fazemos novas associações.

PRS – Alguns neurocientistas defendem que a neurociência vem apenas confirmando cientificamente fatos que já sabíamos e mapeando o cérebro, mas que isso ainda não ajuda em termos práticos, como no aprendizado, por exemplo. Você refuta essa ideia? Por quê?

ALH – Todos os conhecimentos da neurociência são muito recentes e, em qualquer artigo que você ler, consta: “faz-se necessário maior aprofundamento de estudos”, mas refuto a ideia, no sentido de que uma das maiores contribuições da neurociência para educação é o entendimento de aprendizagem e neuroplasticidade. Quem está dentro do contexto acadêmico, muitas vezes, trabalha com aprendizagem, mas a percebe apenas como aquisição de conhecimentos, quando, na verdade, tudo é aprendizagem. A modificação de nosso comportamento é aprendizagem. O aprender sempre fez parte do contexto educacional, entretanto as neurociências têm proporcionado o aumento de nossa compreensão sobre o desenvolvimento do cérebro, sua neuroplasticidade e como essas alterações cerebrais se relacionam com os processos de aprendizagem. Talvez o aluno com um grande transtorno cognitivo não aprenda a ler, a multiplicar e demais atividades deste gênero, mas, se ele consegue aprender a retirar sozinho o material da mochila, ou mesmo socializar-se com os demais colegas, isso também é aprendizagem. Então, o que se pode dizer em termos práticos de neurociência é que ela vem confirmar o que muitos teóricos que servem de base para educação já postulavam. Piaget, Wallon e Vygotsky, por meio de pesquisas, numa época em que não havia todo esse aparato tecnológico da atualidade, descrevem com maestria a relação aprendizagem x neuroplasticidade. Por exemplo, Piaget, como biólogo, faz toda uma descrição da maturação cerebral, mediante os estágios do desenvolvimento humano. Quando menciona a interação do sujeito com o objeto (que é tudo aquilo que não é o sujeito), ele fala da construção das estruturas mentais, que ocorrem pela ação do indivíduo, e que vão levá-lo ao equilíbrio majorante, ou seja, levam a um estado mental melhor que o inicial de conhecimento. Em outras palavras, o indivíduo fez uma modificação em suas estruturas neurais que o habilitarão a lidar com mais propriedade sobre determinado assunto. Nesse sentido, entender como funciona o sistema nervoso faz com que o professor tenha uma percepção maior de como o aluno consolida suas memórias, consegue se manter atento e focar nas atividades, além de compreender que aprender é algo complexo, que mexe com estruturas neurofisiológicas, neuropsicológicas e até “neurossociológicas”, pois, se entendermos de neurônios espelho, podemos perceber o quanto o outro nos proporciona aprendizagens e o quanto proporcionamos aprendizagem ao outro..

PRS – O que a neurociência pode nos ensinar e facilitar a nossa vida no dia a dia?

ALH – Um dos conhecimentos mais interessantes que percebo na neurociência é a neuroplasticidade durante toda a vida. Não que isso tenha uma dimensão de que seremos eternos, mas que podemos ter melhor qualidade de vida ao longo de nossos dias. O importante é continuar sempre aprendendo, colocar os neurônios em constante funcionamento, buscar coisas novas e que sejam desafiadoras para o nosso cérebro, pois neurônio que não é utilizado, com o tempo, “atrofia”. Também existem situações que já sabíamos, mas que estão com maior aprofundamento científico, tais como: a importância da qualidade do sono, da alimentação adequada, dos exercícios físicos e da meditação. Conhecer o funcionamento do sistema nervoso é fundamental para compreender como se dá a aprendizagem de todas as pessoas, em todas as idades e situações.

SRS – Como você vê o futuro da neurociência aplicada ao aprendizado?

ALH – Algo que considero importante priorizar é que as políticas públicas deveriam se preocupar em proporcionar maior conhecimento neurocientífico para professores já na sua formação básica, pois, se quisermos profissionais mais qualificados, devemos primar pela formação deles. Se analisarmos as palavras do neurocientista Stanislas Dehaene, ao perguntar: “como pode alguém saber mais do funcionamento de seu carro do que o funcionamento do sistema nervoso”,podemos nos questionar: Como entender de pessoas, de suas aprendizagens, se não entendemos do funcionamento do ser humano? O professor, com a aquisição desses conhecimentos, terá um aporte maior de informações para reconhecer e diferenciar os fatores internos (transtornos e distúrbios de aprendizagem) e os fatores externos (problemas e dificuldades de aprendizagem). O professor precisa conhecer as bases neurológicas da aprendizagem, para que a prática seja melhorada, repensada, metacognizada. É necessário trazer a ciência para as reuniões pedagógicas e fazer com que o corpo docente dialogue sobre o assunto e possa verificar que ações práticas poderá haver depois desses estudos.

PRS – Conte-nos um pouco sobre os estudos que desenvolve nessa área.

ALH – Meu campo de atuação é a Neuropsicopedagogia que, atualmente, no Brasil, está em fase de expansão, no âmbito de pós-graduação, o que é um diferencial que o CENSUPEG (Centro Nacional de Ensino Superior, Pesquisa, Extensão, Graduação e Pós-Graduação) conquistou, pois, em diversos outros países, ela ocorre somente no Mestrado. Para que se tenha entendimento: A Neuropsicopedagogia é uma ciência interdisciplinar que agrega os conhecimentos da Neurociência, Psicologia e Pedagogia que, conforme a SBNPp (Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia), tem como objeto formal de estudo a relação entre cérebro e a aprendizagem humana, numa perspectiva de reintegração pessoal, social e escolar. Teve início no Brasil em 2008, por intermédio do diretor do CENSUPEG, Sandro Albino Albano, ao perceber que era preciso incluir discussões que envolvessem as Neurociências aplicadas à Educação, nas especificidades das aprendizagens escolares, oportunizando maior qualificação aos profissionais para lidar com as diversas especificidades que a escola apresenta, bem como em atendimentos multidisciplinares. Dentro dessa área, tenho seguido a linha de pesquisa de Ensino e Aprendizagem, procurando estudar como o indivíduo aprende, quais são os fatores determinantes que promovem ou não a aprendizagem. Existem crianças que não apresentam nenhum transtorno ou distúrbio, mas não conseguem êxito acadêmico; há outras que teriam, aparentemente, tudo para não aprender e, dentro de suas possibilidades, demonstram avanços significativos. No contexto escolar, atualmente, há muitos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, e que, no caso, podem ser problemas até causados por alguma metodologia de ensino inadequada para aquele indivíduo. Existem poucos casos que realmente são relacionados a problemas neurológicos e psiquiátricos. Sob essa perspectiva, devemos saber diferenciar dificuldades, problemas, transtornos e distúrbios de aprendizagem, e de que forma podemos intervir auxiliando o aprendente em suas necessidades. Muitas vezes, uma simples mudança de estratégia traz um benefício imenso para o aluno.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Orientações às Instituições conveniadas com a FCEE sobre Pensão Especial Estadual

O Centro de Avaliação e Encaminhamento da Fundação Catartinense de Educação Especial está oferecendo o curso EAD: 

"Orientações às Instituições conveniadas com a FCEE sobre Pensão Especial Estadual"

Público Alvo: Assistentes Sociais, ou Psicólogos ou Médicos da Equipe Credenciada da Pensão Especial nas Instituições Conveniadas.
Número de vagas: 60.
Carga Horária: 32 horas.
Data: 20/06 à 18/07.

Inscrições: até 19/06/2016.

Conteúdo Programático:

Modulo 01
Apresentação da FCEE e Equipe Técnica do CENAE;
O benefício de Pensão Estadual e a Lei nº 16.063 de 24 de julho de 2013 – Regulamenta o benefício;
Fórum sobre a legislação;

Módulo 02
Orientações gerais sobre o Decreto nº 1.962 de 17 de janeiro de 2014;
Orientações gerais sobre o Decreto nº 2.049 de 24 de fevereiro de 2014 – Recadastramento Anual;

Módulo 03
Orientações gerais quanto ao Laudo da Equipe Técnica – Avaliação Social, Psicológica e Médica;
Discussões quanto a Interdição/Curatela, Abertura de Conta Bancária;

Módulo 04
Orientações quanto ao preenchimento do Formulário de Recadastramento de Pensionistas – Formulário GEREF/SEA;
Documentação necessária exigida nas legislações acima: passo-a-passo.
Orientações quanto ao credenciamento de Instituições para a concessão do benefício da Pensão Estadual;
Web Conferência - Perguntas referentes a Pensão Especial Estadual

Maiores Informações: cenae@fcee.sc.gov.br ou 48 3381 1620 / 3381 1648

III COLÓQUIO FRANCO-LATINOAMERICANO DE PESQUISA SOBRE DEFICIÊNCIA

CHAMADA DE TRABALHO

O tema central da 3ª Edição é:

Igualdade de Direitos e Acesso a uma Vida Digna:
Desafios e Controvérsias na Questão Social da Deficiência




Data: entre os dias 9 e 11 de março de 2017.
Local: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do SUL-PUC/RS, na cidade de Porto Alegre/RS/Brasil.
Inscrições: foram prorrogadas para apresentação de trabalhos científicos até o dia 30/06/2016.

     O tema central nesta edição será Igualdade e Dignidade. Acredita-se que ainda é presente a ideia da deficiência, da incapacidade, fazendo-se necessário a constante atualização das políticas públicas como meio de conscientização de que esta noção é equivocada, pois decorre de uma construção social, muito mais do que da realidade quando se apresenta algum tipo de deficiência. Ao investir no debate desta temática, com ênfase na troca de vivências e estudos, é mantido o reforço para o desenvolvimento para sustentar e ampliar políticas de inclusão de pessoas com deficiência, acessibilidade (desenho universal) e, consequentemente, responsabilidade social, cidadania e dignidade. 
     Já faz muitos anos que as questões relativas à igualdade e à dignidade reinterrogam a maneira de tratar socialmente as pessoas com deficiências. Há cerca de vinte anos, os debates internacionais e as políticas públicas promoveram novas concepções de afiliação social (Castel, 1995) das pessoas com deficiência. Tratando-se das instâncias ligadas à saúde (OMS, 2001), à educação (Unesco, 1994) ou à ONU (2007), expõe-se doravante a necessidade de favorecer um acesso igualitário aos direitos, bens e serviços, igualando também as chances de acesso à educação, ao emprego e uma vida social plena. 
    Assim, precedentemente ou concomitantemente, políticas públicas e iniciativas privadas colocaram em prática mecanismos visando favorecer o acesso ao emprego ou à formação de pessoas com deficiência, sendo estes grupos estatisticamente mais pobres ou excluídos que os outros.
     Estas questões relativas à dignidade e à igualdade enunciam fortes debates. De fato, eles não se concentram exclusivamente no acesso à educação e ao emprego, mas consideram também projetos de saúde e de bem-estar nos quais o ambiente deve incentivar o desenvolvimento completo da pessoa interessada (OMS, 1986). Neste sentido, certas atividades sociais como o esporte podem mudar a perspectiva. Assim, desde 2010, o Conselho da União Europeia considera que uma das principais funções do esporte é promover a inclusão social. Em relação ao acesso à uma vida digna, os debates sobre o direito à sexualidade e à vida afetiva das pessoas com deficiência que estão mais afastadas, questionam igualmente os limites da ação pública.
    Para esta terceira edição do Colóquio franco-latino-americano de pesquisa sobre deficiência, objetivamos, além dos trabalhos de comunicação individual, proporcionar aos participantes um espaço para debates temáticos. Dessa maneira, visamos promover o intercâmbio entre áreas especificas, estabelecendo assim canais de pesquisa conjunta entre pesquisadores e atores dos países envolvidos.
      Como nos anos anteriores, pretendemos também promover o intercâmbio entre o meio acadêmico e a sociedade civil, respeitando as especificidades de cada abordagem, sendo elas ações profissionais, associativas ou científicas.
    Convidamos então a comunidade científica, pesquisadores e profissionais para participarem desta edição do Colóquio Franco-latino-americano de pesquisa sobre a deficiência, encaminhando propostas para apresentação de trabalhos até a data de 30 de junho 2016 em torno do tema central Igualdade e Dignidade ou podendo os mesmos estarem inseridos nos seguintes eixos temáticos: 
  • Escolarização e formação: entre igualdade de oportunidades e igualdade de acesso. 
  • Direito ao trabalho e deficiência: entre injunções normativas e materialização do acesso ao emprego. 
  • Dispor do seu corpo? Direitos reprodutivos, sexualidade, intimidade e prazer. 
  • Concepção, desenvolvimento e implementação de políticas públicas: uma justiça social entre equidade e igualdade? 
  • Acesso aos cuidados e programas de atenção à saúde. Qual o lugar da pessoa com deficiência no mundo da saúde?) 
  • A função das atividades culturais e esportivas: incluir através do esporte e da cultura ou direito de acesso universal às atividades de lazer? 
  • Igualdade, dignidade, deficiência: dimensões antropológicas e filosóficas. 
  • Lutas e mobilizações coletivas pelos direitos. 
As experiências da vida: articular a deficiência com outras dimensões identitárias (gênero, raça, classe social, sexualidade, geração, etc.).


Os trabalhos devem ser enviados para o seguinte email:

coloquiofrancolatinoamericano3@gmail.com

Cada proponente pode enviar quantos trabalhos desejar. Entretanto, a apresentação de será somente de um dos títulos selecionados pelo Comitê Científico. Trabalhos com mais de um autor, podem ser apresentados por autores diferentes.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Inscrições abertas para CURSO DE LIBRAS


Estão abertas as inscrições para o Curso de LIBRAS Básico - Vespertino 




Período: de 21 de junho a 29 de novembro 2016
Horário: toda terça feira das 13:30 às 16:30h 
Local: CAS - FCEE  
Público: todas as escolas do Ensino Regular, Apaes, Congêneres e comunidade.


quinta-feira, 2 de junho de 2016

Estímulo demais, concentração de menos. Estamos enlouquecendo nossas crianças

Vivemos tempos frenéticos. A cada década que passa o modo de vida de dez anos atrás parece ficar mais distante: dez anos viraram trinta, e logo teremos a sensação de ter se passado cinquenta anos a cada cinco. E o mundo infantil foi atingido em cheio por essas mudanças: já não se educa (ou brinca, alimenta, veste, entretém, cuida, consola, protege, ampara e satisfaz) crianças como antigamente:

- O iPad, por exemplo, já é companheiro imprescindível nas refeições de milhares de crianças;
- Em muitas casas a(s) TV(s) fica(m) ligada(s) o tempo todo na programação infantil – naqueles canais cujo volume aumenta consideravelmente durante os comerciais – mesmo quando elas estão comendo com o iPad à mesa;
- Muitas e muitas crianças têm atividades extra curriculares pelo menos três vezes por semana, algumas somam mais de 50 horas semanais de atividades, entre escola, cursos, esportes e reforços escolares.
- Existe em quase todas as casas uma profusão de brinquedos, aparelhos, recursos e pessoas disponíveis o tempo todo para garantir que a criança “aprenda coisas” e não “morra de tédio”;
- As pré escolas têm o mesmo método de ensino dos cursos pré vestibulares. 




Tudo está sendo feito para que, no final, possamos ocupar, aproveitar, espremer, sugar, potencializar, otimizar e, finalmente, capitalizar todo o tempo disponível para impor às nossas crianças uma preparação praticamente militar, visando seu “sucesso”. O ar nas casas onde essa preocupação é latente chega a ser denso, tamanha a pressão que as crianças sofrem por desenvolver uma boa competitividade.

Porém, o excesso de estímulos sonoros, visuais, físicos e informativos impedem que a criança organize seus pensamentos e atitudes, de verdade: fica tudo muito confuso e nebuloso, e as próprias informações se misturam fazendo com que a criança mal saiba descrever o que acabou de ouvir, ver ou fazer.

Além disso, aptidões que devem ser estimuladas estão sendo deixadas de lado:
- crianças não sabem conversar
- não olham nos olhos de seus interlocutores
- não conseguem focar em uma brincadeira ou atividade de cada vez (na verdade a maioria sequer sabe brincar sem a orientação de um adulto!)
- não conseguem ler um livro, por menor que seja.
- não aceitam regras
- não sabem o que é autoridade.
- pior e principalmente: não sabem esperar.

Todas essas qualidades são fundamentais na construção de um ser humano íntegro, independente e pleno, e devem ser aprendidas em casa, em suas rotinas.

Precisamos pausar. Parar e olhar em volta. Colocar a mão na consciência, tirá-la um pouco da carteira, do telefone e do volante: estamos enlouquecendo nossas crianças, e as estamos impedindo de entender e saber lidar com seus tempos, seus desejos, suas qualidades e talentos. Estamos roubando o tempo precioso que nossos filhos tanto precisam para processar a quantidade enorme de informações e estímulos que nós e o mundo estamos lhes dando.

Calma, gente. Muita calma. Não corramos para cima da criança com um iPad na mão a cada vez que ela reclama ou achamos que ela está sofrendo de “tédio”. O “tédio” nada mais é que a oportunidade de estarmos em contato conosco, de estimular o pensamento, a fantasia e a concentração.

Nossas crianças não leem mais. Muitos livros infantis estão disponíveis para tablets e iPads, cuja resposta é imediata ao menor estímulo e descaracteriza a principal função do livro: parar para ler, para fazer a mente respirar, aprender a juntar uma palavra com outra, paulatinamente formando frases e sentenças, e, finalmente, concluir um raciocínio ou uma estória.

Cerquem suas crianças de livros e leiam com elas, por amor. Deixem que se esparramem em almofadas e façam sua imaginação voar.